sexta-feira, 6 de maio de 2011

Meu Grande Amigo

Enquanto a vida passa, o tempo voa, escorre como água em uma cachoeira. No decorrer deste tempo vivemos, morremos, choramos, sorrimos, perdemos e ganhamos  inúmeras coisas. Objetos se tornam valiosos, pessoas se tornam valiosas, nossos animais de estimação e até estranhos ganham seu devido valor. 

O valor que é dado a algo ou alguém é do tamanho do amor que sentimos por aquilo que é desejado. Se não desejamos do fundo de nossa alma, não amamos e logo, se não amamos, não damos o valor que devia ser dado por nós. A atenção que deveria ser voltada ao cuidado, carinho e compreensão daquilo que amamos não toma seu devido lugar e, acontecendo isto, a frustração de perder algo valioso é enorme, às vezes maior do que o sentimento da perda.

Perder é doloroso, é ruim. A tristeza traga nossa força e só temos ânimo para lembrar do que amamos muito, e mais nada. Cada lugar, cheiro, sentimento e pensamento nos levam para o mesmo lugar que estávamos a dias, semanas, anos ou décadas atrás, somente para relembrar os momentos que mais marcaram nossa mente, alocados na nossa memória que vez ou outra nos faz intensamente lembrar do que unicamente vivemos. 

Hoje perdi um grande amigo. A porta de entrada onde ele dormia, o terreno livre onde ele vagava, o terraço frio que ele esquentava, o lugar onde nenhuma pessoa desconhecida podia chegar perto quando ele estava - o nosso lar, tudo me faz lembrar dele. Foram 16 anos da minha vida acompanhado por um excelente amigo, que cuidava de mim todas as noites vigiando minha casa, dando-me a alegria de olhar um ser tão majestoso e tão tranquilo como era. Ele podia não ter FGTS e INSS em dia, nem férias ou décimo terceiro salário, nenhum direito trabalhista, mas ele já tinha a carteira assinada no meu coração desde seu primeiro dia de vida, com aqueles pêlos branquinhos contrastando com aquele fucinho preto.

Eu nunca conheci um amigo tão fiel que esteve comigo quando terminei o ensino fundamental, o ensino médio, passei no vestibular, terminei minha graduação e entrei em um mestrado. A presença dele era sempre tão constante em minha vida que diversas vezes nem lembrava dele. Era tão comum olhá-lo que me acostumei com sua "branqueza" e companhia na minha vida. É certo que ele era bravo com estranhos, porém com quem ele conhecia era docinho, docinho. Eu gostava mesmo era de fazer cafuné na cabeça grande dele e coçar a barriga dele, que era para ver se acalmava aquela doce fera e também porque ele gostava.

O tempo passou e eu vi a velhice o atacando e consumindo o seu fôlego de vida. Ele lutou e resistiu bastante a todas as adversidades da vida. É certo que ora ou outra ele reclamava por liberdade e várias vezes a obtinha e quando a tinha saia correndo feliz, como se fosse a primeira vez que colocava suas patas no chão e inclinava o seu corpo para correr.

O choro por sua ida é um choro doído, um choro contido, mas um choro vivido, pois vivera bastante durante suas quase duas décadas de vida. Várias vezes ele deve ter me ouvido brincar, praguejar, pestanejar, conseguir, desistir, viver bem ali, do outro lado da parede. Observava todos os dias a nossa vida corrida, sofrida, muitas vezes sem sentido, sem destino. A vida dele em muitos momentos teve mais sentido que a minha: "Eu nasci para defender este terreno do mal, para defender a minha família.", talvez "pensava".

O fato é que sua morte me fez lembrar de vários momentos maravilhosos que passei na minha vida. Para mim, apesar de não ter uma inteligência como a humana, será sempre um professor e sei que sempre me ensinara algo quando lembrar do meu grande amigo e protetor.

A verdade é que nunca pensei que um animal fosse me dar tantas boas lembranças. Eu só espero que ele tenha se sentido amado por mim, por todas as vezes que dei algo para sua alimentação, ou todas as vezes que tirei ele do chão frio e coloquei ele em um lugar mais quentinho. Espero que ele tenha "percebido" o quanto me importava com ele e o quanto sofria quando o via sofrer. Podia ter sido melhor com ele, mas isso de maneira alguma anula o amor que sempre senti por ele. Só agora vejo o tanto que o amei.

Hoje, assisti Marley e Eu em homenagem a este bom amigo. Ele parece bastante com o Marley.

A Max ou "Macão", meu cachorro, companheiro e amigo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Amor e o Sistema

Este texto escrevi a um tempo, logo quando li um texto que dizem ser de Arnaldo Jabor - Ser ou Não Ser de Ninguém. Quem quiser ler vale a pena!

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Querem a mais pura verdade? Beijos sem compromissos, pseudo-relações sem amor, transar por transar. Tudo isso só esvazia nossa alma.

O amor é a base de tudo, com amor temos tudo, sem amor não temos nada. Com amor corremos riscos enormes de sofrer, sem amor não corremos riscos, mas também não vivemos. O viver está intensamente ligado com amar e ter um objetivo, caso não amemos e não tenhamos objetivos, nossa vida não passará de mais uma sem sentido (e já basta nesse mundo né?).

Enquanto este mundo trabalha com a desconstrução de valores, principalmente os cristãos, minha meta nessa vida é questionar o que é comum, o que é careta, o que é religioso, o que é polêmico e principalmente que raios é o que todo mundo faz e por que eu tenho que fazer! Os jovens pensam que isso é ser livre, contudo não percebem que estão numa prisão de luxo, onde tem comida da mãe, carrinho do pai, escola ou faculdade fácil e mesada todo mês. Eles não percebem que dentro do coração deles estão presos a um mundo imundo, onde democracia não é o "poder do povo" mas o "poder de poucos", onde o que é certo é fazer o errado, onde quem é esperto é quem é burro e quem é inteligente é quem rouba.

Na verdade a mente de quem vive deste modo é travada. São escravos dos seus próprios atos. O povo não pensa e padece por isso! Sofre porque merece e não vive porque morre! A cabeça é vazia e todo mundo vive na mesmice de ser enganado todos os dias! O sistema entretém a gente e a gente se torna cada dia mais burro e mais manipulado pelos poucos que tem poder. Eu tô cansado de gente burra e tô cansado de reclamar de gente tapada que não vê um palmo a frente. Tô cansado de gente que tem uma visão unilateral, olhando somente o que lhe mostram a frente e não ao que tem ao seu redor.

Este mundo amigos é muito, muito mal. Ou a gente desperta pra ser livre através do conhecimento que é a chave da liberdade, como já diria Jesus: "Conheça a verdade e a verdade vos libertará", ou seremos eternos manipulados, meras marionetes, meros peões nesse jogo de xadrez.

Se acomodar é burrice! O questionamento e a dúvida sempre fizeram parte do mundo científico e tem dado excelente resultados até o dia de hoje.

Faço das palavras de Gabriel as minhas: "Até quando a gente vai levando porrada, porrada? Até quando vai ficar sem fazer nada?"

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Conveniente Beleza

Gisele Bundchen possui uma das belezas mais vistas em todo o mundo. Não é a tóa que já foi considerada a mulher mais bonita do mundo pela revista Rolling Stones. Com traços bem marcantes, femininos e de uma aparência estonteante, é dona de uma fortuna estimada em aproximadamente 150 milhões de dólares. Qual mulher não gostaria de ser tão linda e bem sucedida nesta vida? A inveja das mulheres por Gisele tem fundamento.

Em todo momento os veículos de comunicação nos bombardeiam com propagandas e programas que possuem mulheres atraentemente desejáveis e de tirar o fôlego. Não tem espaço para as "feias". Estas "feias", observando o desejo dos homens por seios fartos, quadris largos, pernas grossas e um bumbum voluptuoso começam a entrar em crise, pois em termos de beleza, Deus não é generoso com todas.

Então inicia-se um processo de autodegeneração da imagem. Quem não possui o padrão de beleza aceitável começa a se sentir inferiorizado, principalmente as mulheres. A mídia é maldosa e faz seu papel muito bem feito, afinal de contas o único objetivo doentio é o lucro. A partir de então, empresas bilionárias injetam um capital absurdo nas propagandas de cosméticos para divulgar os seus produtos milagrosos. Então, todos, homens e mulheres, compram produtos e mais produtos para se tornar um produto. Um produto de desejo do sexo oposto (ou do mesmo sexo). Um produto da mídia.

É interessante como nos permitimos ser levados pela mídia. Quando éramos novos e não pensávamos (será que hoje pensamos?) se um garotinho popular comprasse um tênis que brilhava, no dia seguinte já existiam uma dúzia com o mesmo tênis e na semana seguinte quase todos da escola estariam com o mesmo tênis. Coitados daqueles que não possuiam renda suficiente para comprar o mesmo tênis, pois sentiriam-se marginalizados pelo simples fato idiota de não ser igual a todo mundo, como se "ser igual a todo mundo" fosse uma coisa boa.

O objetivo da mídia é este - nos convencer de que o que eles expõe é bom e fazer com que compremos o produto vendido. Eu lhes garanto que, se a mídia quisesse fazer com que uma gordinha com curvas redondas fosse a coisa mais linda deste mundo iriam existir várias mulheres engordando ao redor do mundo, somente para se tornar mais uma, igual a todas.

Não é a tóa que existem mais e mais pessoas que devem rios de dinheiro para empresas de crédito e bancos. Só nos ensinam a consumir! Nunca nos ensinam a ter o controle sobre nossas despesas ou sobre nosso futuro financeiro! Passamos a ser marionetes, produtos fabricados por meia dúzia de gentalhas que ficam dizendo o que nós devemos ser, o que devemos comprar e o que devemos fazer. Quem são eles para nos dizer o que devemos fazer de nossa vida? Acaso não podemos pensar no que é melhor para nós? Não podemos pensar sozinhos?

O que quero dizer aqui, não é para você não se cuidar, não ter preocupação com sua saúde. Não! Fazer exercícios físicos e tomar cuidado consigo é essencial. Faz bem. O problema é querer ser igual a todo mundo. O problema é alguém impor uma verdade pra você e você aceitar sem questionar, sem pensar. Você não é igual a todo mundo. Eu não sou igual a todo mundo. Ser igual a todos é chato, entediante, triste e fadonho. É pesado. É a diversidade que dá o ar da graça na vida. São os diferentes pensamentos e as diferentes pessoas que tornam a vida inimaginável, pois estes nos levam a ter uma visão de vida incomum.

O belo é intrínseco. Filósofos de centenas de anos atrás já falavam isso. O que é belo para mim, pode ser horrível para você. Feche os olhos, o preconceito e converse com as feias, elas poderão ser mais lindas do que as belas. Feche os olhos e bata um papo com uma bela, ela poderá ser mais feia do que as feias. Agora, se você fecha os olhos, tem uma conversa agradabilíssima e quando você abre os olhos ainda vê alguém com mais admiração, parabéns! Ganhaste um prêmio!

Se a beleza é uma conveniência magrela de rosto bonito sem nenhuma celulite, perdoe-me, eu prefiro a inconveniência da mais gordinha, do rostinho bonitinho e com a feminilidade de umas celulites. Não existe nada perfeito demais. E se a mídia te mostra algo perfeito, ali encontra-se a imperfeição.